terça-feira, 15 de junho de 2010

Resposta ao tempo



Resposta ao tempo
Andréa Motta

Silhuetas delineadas a pó de arroz
rasgam o oculto do espelho
não tenho voz

apenas o vento esvoeja no tempo
cerrado pelas minhas mãos vazias.

Nas profundezas do silêncio
o reflexo duma floresta de algas
[avermelhadas]

D'onde emergem sorrateiras verdades
O mar não aniquila nem suga, sustenta.

Não tenho voz, tenho uma força que impele
endorfina da palavra viandante que não disfarça,
oscila, é verdade, feito areia solta pela brisa
[assinalada pelas horas].

Não tenho voz, em resposta ao tempo
há uma força que impele e medra,
exorciza medos como ficção bordada
[na safira dos olhos].

Um comentário:

luiz gustavo disse...

andrea: teus versos "quase haicais e tankas" são belos e estão para quem quiser ver...tua poesia aflora ao dispor no papel palavras de instantes devorados...parabéns poeta...abraços